quarta-feira, 13 de julho de 2016

Desabafos do quotidiano #1

Bem sei que este é um blog de receitas, onde vos mostro também alguns passeios fora da cozinha e alguns desabafos quotidianos. E hoje é mesmo sobre isto que vos venho falar. Da vida familiar, do dia-a-dia e em particular dos filhos.

Quem tem filhos deve compreender estes meus anseios e mesmo quem não os tem deve pelo menos imaginar. Está-me a ser ligeiramente difícil deixar voar o meu filho. Ele tem apenas 4 anos e sinto-o aos pouquinhos a sair do ninho protector dos pais e abraçar o mundo sem estarmos sempre em cima dele. 

Estas últimas semanas teem sido recheadas de abrir-asas e de primeiras vezes. Passar um dia inteiro sem nós pais, ir a festas de aniversário a casa de amiguinhos e prevê-se a primeira dormida fora de casa. Embora eu confie nas pessoas com quem o deixe, custa-me um bocadinho não estar lá, não presenciar as aventuras que depois me conta com palavras desenfreadas. Vejo no olhar dele que é feliz, que gostou, e não quero de todo privá-lo desse conhecimento; até porque se recuar ao tempo da minha infância, foi repleta de aventuras. Eu dormia em casa de coleguinhas, eu ía para a escola primária sozinha, eu brincava horas a fio na bouça com os meus primos e estávamos à vontade sem a presença de nenhum adulto e só quando ouvíamos as vozes 'ó joanaaaaaaaa... meninossss venham para dentro...' é que largávamos a brincadeira.

Mas os tempos mudaram. As notícias alarmantes que nos entram em casa quase todos os dias pela televisão, jornais e rádio faz com que tudo isso mexa comigo e tenho receios que tenho que ir desbloqueando, bem sei. Por vezes penso: Serei normal? Será que todos os pais são assim ou teem pensamentos e medos semelhantes?

E assim, mesmo com estas dúvidas e receios, cá vou andando ao sabor do vento e abrindo as asas devagarinho. E mesmo com o coração a querer pular para fora do peito de cada vez que o deixo envergar numa nova aventura, faço-o de consciência tranquila e seja o que Deus quiser. 

18 comentários:

  1. Não sou mãe, mas acho que os teus receios são normais. Mas é de louvar que, em vez de te deixares levar por eles, consigas reflectir e questionares-te a ti própria, isso mostra que és, acima de tudo, equilibrada (=

    Beijinhos, vai correr tudo bem com o teu menino (;

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    1. Obrigada pelo teu comentário Sofia. É um equilíbrio por vezes complicado de se alcançar, mas devagarinho e gerindo à maneira que as coisas nos vão pondo à prova lá vou conseguindo :-)
      Beijinhos

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  2. Ai Joana como te compreendo, o meu mais velho também tem 4 anos e também é difícil para mim.
    Hoje fui à escola onde vai entrar em Setembro para a pré-primária e só de ver o nome dele na lista me deu vontade de chorar por pensar em como já está tão grande...
    A vida é mesmo assim não é? Temos de os deixar ir aos poucos...
    Beijinho
    http://asreceitasdamaegalinha.blogspot.pt/

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    1. Olá Joana, sei bem a sensação de o deixar pela primeira vez na escola, custa um pouquinho mas é para o bem deles, para o convívio com outras pessoas fora do seio familiar. O meu já andou este ano lectivo todo e adorou :-) Fez-lhe mesmo bem e evoluiu imenso. Beijinhos e boa sorte para o seu pequeno no ingresso à escolinha.

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  3. Olá Joana, vou te dar não um conselho, porque não sou mestra em nada, mas mais o meu ponto de vista como mãe de 3 jovens adultos: deixa-o ir, sempre, vai controlando, mas à distância, sem que ele se aperceba. Vais ver que assim, além de asas, ganharão responsabilidade! O mundo já não é o que era? talvez não. Talvez esteja mais perigoso, mais cheio de tentações. Mas de nada adianta uma redoma e de nada adianta impedi-los disto ou daquilo. Se quiserem, fazem, sem a tua autorização ou conhecimento. É batendo com a cabeça na parede, e caindo de vez em quando, que aprendem. Quando isso acontece, estamos cá nós para ampara-los! Que nos custa, custa, mas nós já passámos pelo mesmo! beijinhos, Joana, e relaxa!

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    1. E a Val não sabe que é uma inspiração para mim? Quando leio nos seus posts o acompanhar das aventuras da sua filhota nos Estates? :-) Os seus anseios como mãe mas sempre orgulhosa do percurso da filhota? Muitas vezes deixam-me a pensar os seus textos e tento assimilar tudo para tentar atingir este equilíbrio como mãe, nem sempre fácil. Beijinhos grandes e obrigada pelas suas palavras.

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  4. Não sou mãe por isso não consigo opinar em relação a isto, mas pelo que vejo pelas minha amigas que já são mães, nos dias que correm todas têm os mesmos receios, e têm razão para tal. E a mim parece-me que a forma de agir mais correcta é mesmo a que dizes. :) Beijinhos
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    O diário da Inês | Facebook | Instagram

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    1. É verdade. Este mundo maluco e caótico que vivemos nada ajuda nestes anseios, mas cá vou gerindo o melhor que sei. Obrigada Inês. Beijinho.

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  5. Como eu te compreendo! Ainda por cima como tenho 3 sofro a triplicar! Realmente para nós pais não é fácil deixar os nossos filhos ganhar asas. E quando se é filho não se consegue compreender isso! Eu lembro-me que quando eu era apenas filha, reclamava com a minha mãe que ela nunca me deixava fazer nada (agora olho e constato que ela me deixava fazer muito mais do que eu pensava)! Ela alegava sempre que um dia quando eu fosse mãe ia saber dar o valor. E eu respondia que quando fosse mãe ia deixá-los viver a vida, não ia prendê-los, ia dar-lhe as tais asas! No dia que fui mãe percebi exatamente o que ela queria dizer! Quando o meu filho foi convidado para ir a uma festa de anos pela primeira vez eu ponderei se ia deixar! É que ainda por cima tenho um problema que agrava a situação, não é que eu seja dramática mas penso sempre nas mil e uma possibilidades da coisa correr mal! O meu marido diz que às vezes parece que eu só penso no que pode correr mal e não no que pode correr bem, que vejo perigo em tudo, mesmo naquilo onde não existe! Mas é verdade, desde que fui mãe passei a ver perigo em tudo! Dantes eu era destemida e não tinha medo de nada, hoje olho para uma coisa ou situação que me parece completamente inocente e de repente estou já a imaginar coisas más! Quando coloquei o meu filho na creche sofri horrores naquele dia! O dia pareceu-me um mês, parecia que nunca mais passava! Só pensava se ele estaria bem, se estaria a chorar, se teria comido, se teria caído, se algum colega o teria magoado! Agora olho para trás e vejo o quão exagerada fui! Quando ele terminou o jardim-escola, organizaram uma pequena viagem de finalistas de barco a outra ilha durante três dias. Fiquei aflita quando tive de decidir se dava autorização ou não para ele ir. Por um lado parecia-me prematuro deixá-lo ir naquela idade para uma viagem a outra ilha, de barco ainda por cima! Afinal a minha mãe nem me tinha deixado participar num intercâmbio aos 14 anos! Por outro lado achava que depois ele se ia sentir inferiorizado caso não fosse. Mas nesta situação o meu marido foi mais rigoroso. Achava que o miúdo não tinha idade para ir nesse tipo de viagens, como ele não era de acordo optámos por não o deixar ir! Depois quando vi fotos dessa viagem acabei por ficar com pena! Mas é assim mesmo! Eu olho para trás e vejo, que apesar dos meus pais me impedirem de fazer algumas coisas, sei que fui uma criança muito feliz. Que vivi coisas que nunca poderei deixar os meus filhos viver. Porque eram outros tempos. Seja como for, tentamos sempre tomar as decisões mais acertadas e escolher em função do que julgamos ser melhor para eles. Não é por mal, é por amor! Mas se os amamos e se queremos que sejam alguém na vida também temos de os deixar ganhar asas! Lá está, aprende-se é com os erros e temos de cair para aprendermos a nos levantar. Se nunca os deixarmos cair, nunca saberão levantar-se! É dura a vida de mãe! Bolas! beijinhos

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    1. Oh Elizabete, o seu comentário veio mesmo de encontro a um dilema que também lidei à pouco tempo. A tal viagem de final de ano. O meu pequeno também acabou por não ir, pois tanto eu como o marido achamos um passeio 'demasiado' para a idade e feitio dele.
      E também a compreendo quando fala de deixar o seu filho na casa de outros. Sabe que aqui à um tempo atrás o meu pequeno estava comigo na casa de uma tia e eu ali ao lado dele. Desviei os olhos por uns segundos e ele trepou-me um degrau e chegou à tampa do poço. E não é que a tampa estava só pousada? Sem aluquete. E abanou quando ele lhe tocou? Também não ajuda nada a história de o meu pai ter caído à fossa quando era miúdo. Uma prima minha com dois aninhos caiu numa piscina e foi por um triz que se safou. E podia continuar... É por estas e por outras que o deixar ir o meu filho para casa de familiares e outras pessoas geram um bocado de pânico em mim. Só me vem à cabeça tampas de poços e fossas e outros perigos vários. Concordo consigo, é dura a vida de mãe e pai. E cá vamos gerindo como sabemos. O coração desde que um filho nasce bate também fora do peito e é bem verdade. Beijinho grande para a sua família e os seus filhotes.

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  6. Os teus receios são mais que normais. É se mãe e eles aparecem todos e até exageramos. Os meus já são adultos e os receios mantém-se mas deixo-os ir..mesmo quando eram mais pequenos. Não deixei duas vezes: a ela foi qdo tinha uns seis anos. ela queria ir para casa de uma amiga, com outras amigas, para a festa do pijama. Não conhecia os pais e não deixei ir. A ele foi no fim do 11º ano. Os colegas foram a Londres e eu não deixei. Tive receio dos excessos nomeadamente de drogas. Os meus são muito caseiros, e agora até os acho demasiado. Deviam sair mais para viver o mundo cá fora.

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    1. Nem sempre é fácil a decisão do dilema deixo/não deixo. Mas venham eles, é sinal que assisto ao crescimento do meu filhote e bem ou mal cá vou gerindo da forma que sei. Quanto àfase da adolescência e juventude imagino as dores de cabeça Mãe maria :-) Beijinho grande para si e filhotes.

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  7. Não é fácil, mas é preciso dar asas para que eles possam voar...

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  8. É difícil para mim pôr-me na tua posição, mas consigo imaginar um bocadinho do que sentes. É um processo sempre complicado, até porque uma pessoa se habitua rapidamente a determinada situação e a partir daí é sempre um bocadinho doloroso vê-la a mudar... Mas aos poucos a mudança passa a ser boa para ti e para ele :)

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    1. A mudança custa aceitar, é assim um pouquinho com tudo na vida, como dizes. mas cá vamos gerindo da melhor maneira possível. Beijinhos avelã :-)

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  9. Todas essas preocupações são naturais, mas acho que a melhor maneira é não lhes cortar as asas e controlar à distância, como diz a Val, não podemos ser ditadores ou não permitir algo apenas porque temos autoridade sobre os nossos filhos e temos medo, há que acompanhar com precaução cada cada voo que os filhotes fazem, mas de maneira a que ganhem confiança e responsabilidade também, beijinhos

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  10. É normal. Antigamente era mais seguro? Não. Era diferente. Os pais tinham uns 10 ou 12 filhos e não tinham outra hipótese se não aprender a deixá-los ter asas e voar :) Os perigos espreitavam à mesma e por vezes tão crueis como na actualidade. Mas se o ambiente apresenta segurança há que dar essas asas. Aos 4 anos ainda está longe de perder ehehe! Mais para a frente ainda se tornará mais difícil. Por agora é simples, usufrui bem.

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