quinta-feira, 24 de maio de 2018

Pedaços de mim #6 - O casamento

Dia 24 de Maio de 2008...

...Dizem que dá azar ver a noiva antes do casamento, não é? Não deu, pelo menos até aos dias de hoje. Nós vimos-nos. De manhãzinha. Levamos o teu peugeot azul, que ainda o temos, paramos em frente à Igreja e enfeitamos-los os dois, com fitinhas brancas em tule branco. Queríamos sair nele depois de casados. Queríamos ir apenas os dois naquele carro depois de casados. Embora, nos dissessem que isso não se usava e que devíamos ir no carro do padrinho guiados por ele. Nós não somos tradicionais, nunca fomos e não era nesse dia que íamos ser diferentes. Tu estavas nervoso. Muito nervoso. Mais que eu. Ligaste-me quase na hora de sair de casa e disseste-me que não conseguias sair da casa-de-banho. A sério? Não pode ser. - Toma qualquer coisa e anda daí. Não me deixes pendurada na Igreja. Disse-te. E quando lá cheguei, estavas tu à minha espera. Pelo vidro do carro vi-te a entrar de braço dado com a tua mãe. E depois entrei eu de braço dado com o meu pai em direção ao altar. Não estava nervosa, curioso. Eu, que fico nervosa com tantas coisas e que fico facilmente ruborizada de nervosismo. Não estava. O casamento pela Igreja foi inesquecível e não foram por boas razões. O Padre passou o casamento a falar de divórcio. A prática dele foi sobre o divórcio. Deu-nos imensas achegas sobre o divórcio e por isso o nosso casamento é relembrado até aos dias de hoje pelos nossos familiares por essas razões. Não percebemos nada do que se passou e ficamos chateados na altura. Eu que andei na catequese até ter dezoito anos. O meu pai era catequista. Tu que foste leitor tantos anos e naquele dia, no nosso grande dia, o padre lembrou-se de dissertar sobre aquele tema maravilhoso, imagine-se só, num casamento. Já passou e até parece ter surtido efeito, pelo menos até ao dia de hoje não nos separamos. Até ver. Nunca se sabe o que o futuro nos reserva e eu não sou daquelas que acredita em histórias de amor sem pedras no caminho. O dia continuou alegre e divertido junto dos nossos. Diz quem foi, que foi uma festa muito bonita. Nós acreditamos que sim. Éramos jovens, acabados de entrar na casa dos vinte e toda a gente nos dizia que parecíamos mais velhos por conseguirmos estar a concretizar e a planear as coisas tão certinhas e com tanta cabeça. Mal sabem eles que noutras coisas somos tão destrambelhados, até hoje. A madrugada chegou. A festa acabou. E o verdadeiro significado do casamento acabou de começar. Já lá vão dez anos. Um filho em comum. Que já poderiam ser dois. Muitas pedras no caminho. Que as fomos atirando para o lado, uma por uma e avançamos. De mãos dadas. Nem sempre. Porque um casamento é feito disso mesmo. Uns dias muito bons e outros muito maus. Mas, meu amor, estás preparado para mais dez?

4 comentários:

  1. Parabéns pelo aniversario de casamento. Nada dá azar quando existe muito amor envolvido.
    Bjos tenha uma ótima sexta.

    ResponderEliminar
  2. Joana, gostei de ler a vossa trajetória. Uma bonita história de amor, com idas e vindas, pois claro, mas o que é para ser acaba mesmo por acontecer. Que a felicidade continue a ser uma constante nas vossas vidas. Beijinho

    ResponderEliminar
  3. Que bacama...
    Estamos beirando nos quase 30 k e ainda nos desentendemos
    como adolescentes.

    ResponderEliminar