Bem sei que este é um blog de receitas, onde vos mostro também alguns passeios fora da cozinha e alguns desabafos quotidianos. E hoje é mesmo sobre isto que vos venho falar. Da vida familiar, do dia-a-dia e em particular dos filhos.
Quem tem filhos deve compreender estes meus anseios e mesmo quem não os tem deve pelo menos imaginar. Está-me a ser ligeiramente difícil deixar voar o meu filho. Ele tem apenas 4 anos e sinto-o aos pouquinhos a sair do ninho protector dos pais e abraçar o mundo sem estarmos sempre em cima dele.
Estas últimas semanas teem sido recheadas de abrir-asas e de primeiras vezes. Passar um dia inteiro sem nós pais, ir a festas de aniversário a casa de amiguinhos e prevê-se a primeira dormida fora de casa. Embora eu confie nas pessoas com quem o deixe, custa-me um bocadinho não estar lá, não presenciar as aventuras que depois me conta com palavras desenfreadas. Vejo no olhar dele que é feliz, que gostou, e não quero de todo privá-lo desse conhecimento; até porque se recuar ao tempo da minha infância, foi repleta de aventuras. Eu dormia em casa de coleguinhas, eu ía para a escola primária sozinha, eu brincava horas a fio na bouça com os meus primos e estávamos à vontade sem a presença de nenhum adulto e só quando ouvíamos as vozes 'ó joanaaaaaaaa... meninossss venham para dentro...' é que largávamos a brincadeira.
Mas os tempos mudaram. As notícias alarmantes que nos entram em casa quase todos os dias pela televisão, jornais e rádio faz com que tudo isso mexa comigo e tenho receios que tenho que ir desbloqueando, bem sei. Por vezes penso: Serei normal? Será que todos os pais são assim ou teem pensamentos e medos semelhantes?
E assim, mesmo com estas dúvidas e receios, cá vou andando ao sabor do vento e abrindo as asas devagarinho. E mesmo com o coração a querer pular para fora do peito de cada vez que o deixo envergar numa nova aventura, faço-o de consciência tranquila e seja o que Deus quiser.